Pro_Ver

Pro_Ver são prosas conjugadas intrinsecamente com poesias, isto é, não se distingue uma coisa de outra. Pode-se escrever um texto, no entanto o seu conteúdo há de possuir uma sonoridade poética. Assim como uma poesia pode se configurar como prosa pela ausência de forma ou da norma que se lhe condiz.


Pro_Ver, de prosa e verso, é a fusão de estilos. É o sacrifício da forma em favor do conteúdo, contrariamente a alguns movimentos literários, sem se pretender contrapor a eles.


O que importa aqui é o ser que diz o que sente, como, quando, por que e para que (para quem) sente. As formas são para os puristas, os conteúdos são para os artistas da vida, arteiros da existência, construída com suor, sangue e lágrimas, mesmo que as vezes sem rimas. Regada com o amargor da bebida destilada nas vicissitudes dos relacionamentos impingidos pelas circunstâncias da sociedade corrompida.


Aqui não há dissimulação, há sim sinceridade de intenção, e muito, muito amor no coração.


Pro_Ver é a superação de todos os óbices e a resolução pelo amor, o mais nobre sentimento, na realeza celestial. É a cosmicidade tornada presente, acima da mediocridade e da banalidade comercial.


Pro_Ver é a facticidade existencial, é a transcendentalidade contextual.


Porque toda essa verbalidade inaugural?  É apenas para dizer o que se quer.


Pro_Ver que forma a palavra prover em duplo sentido: prover, no sentido de suprir, e pró-ver, no sentido de ser a favor do olhar. Ambas significativas.


Pro_Ver não é só junção, no sentido de alternar no texto prosa e poesia; é mais, é fusão. É fundir no texto ambas as formas. É haver poesia no texto versual, e concomitantemente haver prosa no texto poético. É o confluir ideias nos estilos recursais da língua.


É o tornar a língua companheira, amiga, com a qual se permita brincar; ao invés de estar sujeitado a ela, tendo que carregá-la como sobrepeso e venerá-la no altar. A língua há de nos ser uma leal serviçal, já que inexoravelmente nós servimos a ela.


É a democratização de nossa relação com a língua, para desespero dos gramáticos de plantão que querem submissão absoluta à ela, como se língua fosse uma religião, e eles os seus sacerdotes, quanta ilusão. E é tão verdade isso que o meio pelo qual expressamos nossos pensamentos na língua se chama oração. Havendo vários tipos dela. Se é para orar, oremos pelo amor. Oremos ao amor.


Vamos oramar.


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